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Caso “joia da Copinha” expõe relações entre atletas, clubes e empresários.

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Publicado no Linked In em 1 de fevereiro de 2022

O caso do atacante do Palmeiras que jogou a Copinha está gerando muita discussão entre torcedores e profissionais do esporte. O garoto de apenas 15 anos, eleito o melhor jogador da Copa São Paulo de Futebol Junior, e suas relações com o burburinho que está em alta no mercado da bola, já que está na mira de vários clubes do Brasil e da Europa.

Sou palmeirense e participo de grupos de discussão deprofissionais de gestão do esporte e de torcedores do Palmeiras. Observo quemesmo quem se diz profissional, ainda age como verdadeiro torcedor e esquece que existe toda uma esfera de negócios que envolve o futebol.

Conheço alguns poucos empresários e intermediadores de jogadores de futebol que fazem um trabalho exaustivo e muito profissional com jogadores da base e que lidam com times menos expressivos, que disputam campeonatos regionais – isso mesmo, existem empresários para todos os níveis de jogadores e de clubes.

Longe de defender os maus profissionais que agem como abutres rodeando jogadores para tirar proveito de situações visando apenas o próprio bolso.

Dependendo da maneira que se analisa a Lei Pelé, podemos enxergar que os empresários são os maiores beneficiados. A lei veio para acabar com a relação entre clube e atleta que, por alguns poderia ser vista como  análoga à escravidão.

Mas nessas relações, primeiramente, temos que enxergar o que acontece nesse mundo de intermediação entre jogadores-empresários-clubes.

Muitos conhecem esse meio de negociações e vejo que estão olhando apenas o lado do Palmeiras, preocupados com o que possa acontecer com o atleta ,garoto que surgiu no Palmeiras. Muitos falam e agem com muita paixão. Mas será que o atleta surgiu mesmo no Palmeiras?

Não, ele não surgiu no Palmeiras. Ele surgiu na cidade natal dele, Brasília. Muitos olheiros passaram na vida dele e o Palmeiras resolveu investir nas necessidades do garoto e de sua família. Qualquer outro clube poderia ter oferecido o que o Palmeiras ofereceu. Mas, bom para o Palmeiras, que o clube ofereceu e trouxe ele para jogar no Palmeiras.

Agora vamos fazer um paralelo com um jogador de outro clube. Um clube mais modesto, mais limitado que não tenha condições de fazer o que o Palmeiras fez. Como é que se faz para colocar o garoto, o jogador pelo clube? O empresário é que banca o jogador no início. Quem mantém o jogador neste período é o empresário, às vezes até banca o lugar do jogador no time para iniciar a carreira.

E quando um empresário encontra um jogador tão valioso e promissor como o excelente atleta? O que fazer? Ele tem que agir sempre, sempre dentro da lei. Assim como o clube e também a família do menor de idade. Nunca podem ser usados subterfúgios para driblar a legislação. A saber: atletas com menos de 16 anos não podem assinar contrato profissional dentro do Brasil por causa da lei trabalhista. E somente com 18 anos pode assinar um contrato com entidade estrangeira. Tudo isso é conhecido pelo clube e pelo empresário.

E como que esse caso tomou este vulto? Simplesmente porque o atleta é ótimo. Sempre jogou entre jogadores mais velhos. Na Copinha deste ano, foram permitidos atletas de até 21 anos. E ele se mostrou maduro o suficiente para encarar jogadores desta idade e se saiu muito bem, marcou 6 gols no torneio e, como dito, foi eleito o melhor do torneio. Mas tem outro lado. Ele apareceu PORQUE O PALMEIRAS O PÔS PRA JOGAR O TORNEIO. Sabe-se que o torneio é amplamente visto. Que olheiros do mundo todo vem para o Brasil para analisar e garimpar novos talentos. Nos bastidores dizem que este torneio é o torneio para os empresários ganharem. Se tudo isso é sabido e o garoto ainda não tem contrato, por que colocá-lo na vitrine?

Creio que deva existir um bom acordo entre as partes para todos ganharem.Mas o mais importante de longe é sabermos sempre preservar a mente, o espírito e o bem estar do atleta, porque ele é menor de idade e temos leis que protegem o bem-estar dele, uma delas o estatuto da Criança e do Adolescente, em sua primeira emissão a Lei 8069 de 13 de julho de 1990 e que é sempre atualizada e modernizada.

Minha intenção não é achar um bonzinho ou um mal intencionado na relação, é apenas mostrar que uma relação destas tem sempre mais de um ponto de vista.

Sobre Mim

Luis Kolle

Luis Kolle

MTB 86.444/SP ACEESP 2980 Jornalista com 9 anos de experiência em redação de esportes, 4 anos como coronista esportivo para rádios na web e 5 anos com podcasts sobre gerenciamento de esportes e rugby; Experiência de cobertura em mais de 20 partidas de teste da seleção brasileira de rugby e quase 10 torneios internacionais, incluindo Jogos Olímpicos de 2016 e 3 etapas da World Sevens Series. Engenheiro sênior de telecomunicações com 25 anos de experiência em projetos e implementação de sistemas e equipamentos de telecomunicações, incluindo radiodifusão e transmissão de voz e imagem.

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